Elas praticamente nasceram junto com
o próprio cinema, e entre as décadas de 1910 e 1920 foram ganhando espaço se
tornando o referencial de beleza em todo o mundo da época.
Neste artigo, mostramos os padrões de moda e
beleza no início do século passado, bem como a importância das mulheres na
sociedade retratada.
Além disso, prestamos homenagens às
musas que até hoje permanecem no imaginário dos amantes de cinema.
ALICE TERRY (1899-1987)
Nome
verdadeiro: Alice Frances Taaffe. Local de nascimento: Vincennes, Indiana,
Estados Unidos.
Assim
que chegou com sua família a Los Angeles, com quinze anos de idade, Alice
conheceu Enid Markey, uma atriz que morava no seu prédio. Enid a convenceu a
procurar emprego no estúdio de Thomas Ince, conhecido com Inceville. Ela foi
contratada e apareceu em alguns filmes, inclusive na grande produção
Civilização / Civilization. (interpretando vários tipos como figurante). Foi em
Inceville, que conheceu seu futuro marido, o diretor Rex Ingram. Ele a elevou
ao estrelato, dirigindo-a no papel de Marguerite em Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse (The Four Horsemen of the Apocalypse),
de 1921, ao lado de Rudolph Valentino. Outros filmes importantes de Alice, sob
direção de Ingram, foram: Eugenia Grandet
(The Conquering Power), de 1921, também com Valentino, O Prisioneiro do Castelo de Zenda (The Prisoner of Zenda), de 1922
(com Lewis Stone), Where the Pavement Ends
de 1923, Scaramouche (Scaramouche),
de 1923 (ambos com Ramon Novarro), e Mare
Nostrum (Mare Nostrum), de 1925 (com Antonio Moreno).
BETTY BRONSON (1906- 1971)
Nome verdadeiro: Elizabeth Ada Bronson. Local
de nascimento: Trenton, New Jersey, Estados Unidos.
Aos
dezessete anos, conseguiu uma entrevista com J. M. Barrie, autor de Peter Pan,
que a escolheu para o papel principal (ambicionado por Gloria Swanson e Mary
Pickford) na adaptação cinematográfica do seu livro, levada à tela em 1924.
Betty obteve um êxito instantâneo como Peter Pan e, no ano seguinte, fez mais
três intervenções importantes na tela: como a Virgem Maria em Ben-Hur; estrelando outra adaptação de
uma história de Barrie, Os Mil Beijos de
Cinderella (A Kiss for Cinderella);
e integrando o elenco (ao lado de Adolphe Menjou e Florence Vidor), de uma
comédia muito divertida, Por Quê
Divorciar? (Are Parent’s People?), dirigida magnificamente por Malcom St.
Clair.
BETTY
COMPSON (1897-1974)
Nome
verdadeiro: Eleanor Luicime Compson. Local de nascimento: Beaver, Utah, Estados
Unidos.
Começou
sua carreira no vaudeville aos quinze anos de idade, anunciada como “The
Vagabond Violinist”. Três anos depois, ofereceram-lhe emprego como comediante
no estúdio de Al Christie. Já desligada da firma de Christie, ela ascendeu ao
estrelato como Rose em O Homem Miraculoso
(The Miracle Man), de 1919, protagonizado por Lon Chaney. Contratada pela
Paramount, não teve sorte nos primeiros tempos, e foi para a Inglaterra, onde
participou de vários filmes de sucesso de 1922 a 1924. De retorno à América,
Betty apareceu novamente ao lado de Lon Chaney em Piratas Modernos (The Big City), de 1928 e, no mesmo ano, fez seu
melhor filme, Docas de Nova York (The Docks
of New York), de Josef von Sternberg. Ainda em 1928, ela foi indicada para
o Oscar por seu desempenho em Sangue de
Boêmio (The Barker), e marcou sua presença diante de Erich von Stroheim em O Grande Gabbo (The Great Gabbo).
BILLIE
DOVE (1900-1997)
Nome
verdadeiro: Bertha Bohny. Local de nascimento: Nova York, NY, Estados Unidos.
Filha de imigrantes suíços, trabalhou como
modelo na adolescência. Depois de atuar como figurante e em pequenos papéis no
cinema em Fort Lee, New Jersey, ela foi contratada para o Ziegfeld Follies,
sendo apelidada de “The American Beauty”. No começo de 1920, foi para
Hollywood, e logo se tornou uma estrela, contracenando com Douglas Fairbanks em
O Pirata Negro (The Black Pirate) de 1926,
filmado em Technicolor de duas cores. Outros filmes importantes: Wanderer of the Wasteland (também
bicolor), de 1924, Esposa ou Artista?
(The Marriage Clause), de 1926, Pecadora
sem Malícia (Sensation Seekers), de 1927, Rosa Americana (American Beauty), de 1927, e Só Quero um Homem (The Painted Angel), de 1929.
BLANCHE
SWEET (1896-1986)
Nome
verdadeiro: Sarah Blanche Sweet. Local de nascimento: Chicago, Illinois,
Estados Unidos.
Filha
de artistas do teatro e do vaudeville, ainda criança já integrava o elenco de
uma peça. Em 1909, entrou para a Biograph sob as ordens de David Wark Griffith,
e se tornou a maior rival de Mary Pickford, que também começara com o mestre no
ano anterior. Seu primeiro filme marcante na Biograph foi The Lonedale Operator, de 1911 e, em 1913, ela estrelou o primeiro
longa-metragem de Griffith, Judith de
Betúlia (Judith of Bethulia). Em 1914, Blanche ingressou na Famous Players
Lasky, e continuou sua carreira sob o comando de vários diretores, notadamente
Marshalll Neilan, com quem fez um de seus melhores filmes, A Voz da Justiça (Tess of the D’Ubervilles),de 1924. Blanche e
Neilan se casaram e formaram sua própria companhia produtora em 1918. A
parceria se dissolveu em 1921, mas Blanche continuou participando de produções
de qualidade como a primeira versão da peça de Eugene O’Neill, Anna Christie, de 1923.
CLARA
BOW (1905-1965)
Nome
verdadeiro: Clara Gordon Bow. Local de nascimento: Nova York, NY, Estados
Unidos.
Inscreveu-se,
aos dezesseis anos de idade, no Fame and
Fortune Contest, patrocinado pela Brewster
Publications, editora das revistas Motion
Picture, Motion Picture Classics e
Shadowland, e ganhou papel em um filme. Após participar de algumas
produções baratas na Costa Leste, Clara foi para Hollywood, contratada pela
Preferred Films, de B. P. Schulberg, obtendo seu maior êxito nesta companhia em
Luar, Música e Amor (The Plastic Age),
de 1925. Em 1926, ela interpretou em Loucuras
de Mães (Dancing Mothers) uma de suas personagens mais populares, Kittens,
a boa/má filha de uma mulher da alta sociedade, tornando-se a “flapper” mais
perfeita da tela. Foi na Paramount que Clara fez seus filmes mudos mais famosos:
Provocação de Amor (Mantrap), de 1926,
O Não Sei Quê das Mulheres (It), de
1927 e Asas (Wings), também 1927. O Não Sei Quê das Mulheres é uma
história de Cinderela na qual a balconista de loja, Betty Lou Spence (Clara
Bow), conquista o coração de seu empregador (Antonio Moreno). A autora do
romance no qual o filme se baseou, Elynor Glynn, criou o termo “It”, que passou
a indicar o magnetismo sexual da atriz (The “It” Girl).
COLLEEN
MOORE (1899-1988)
Nome verdadeiro: Kathleen Morrison. Local de
nascimento: Port Huron, Michigan, Estados Unidos.
Estudou
música no prestigioso Conservatório de Detroit, mas queria ser atriz e, com a
ajuda de um tio, editor de um jornal de Chicago, conseguiu entrar na indústria
do cinema, começando como figurante em 1916. Depois de um papel principal como
Annie em A Pequena Annie (Little Orphan
Annie), de 1918, Colleen apareceu em vários westerns ao lado de Tom Mix e,
finalmente, no filme que a associaria para sempre com a juventude da Era do
Jazz, Pequenas de Hoje (Flaming Youth),
de 1923. Seu penteado de pajem, com uma longa franja caindo sobre a testa,
tornou-se a sua marca registrada e criou moda. Colleen mostrou sua capacidade
dramática em Amor, Destino e Honra (So
Big), de 1924, e também foi muito bem recebida pelo público e pelos críticos
em comédias como Irene, de 1926 e O Prêmio de Beleza Ella Cinders), também
de 1926. Sua popularidade chegou ao auge, quando interpretou a jovem camponesa
Jeaninne, em Amor Nunca Morre (Lilac Time), de 1928 ao lado de Gary Cooper.
CORINNE
GRIFFITH (1894-1979)
Nome
verdadeiro: Corinne Mae Griffin. Local de nascimento: Texarkana, Texas, Estados
Unidos.
Em
1916, depois de trabalhar no teatro, começou sua carreira cinematográfica na
Vitagraph. Nos meados dos anos vinte, transferiu-se para a First National, onde
se tornou uma das atrizes mais populares da companhia. Em 1928, interpretou o
papel principal na magnífica comédia-dramática dirigida por Lewis Milestone, Jardim do Éden (Garden of Eden). No ano
seguinte, foi indicada para o Oscar por sua atuação em A Dama Divina (The Divine Lady), na qual personificou Lady
Hamilton. No auge da fama, Corinne recebeu o apelido de “The Orchid Lady of the
Screen” por sua elegância e beleza. Outros filmes importantes: O Que as Mulheres Querem (Black Oxen), de 1923, A Modista de Paris (Mademoiselle Modiste), de 1926.
DOLORES
COSTELLO ( 1903-1979)
Nome
verdadeiro: Dolores Costello. Local de nascimento: Pittsburgh, Pennsylvania,
Estados Unidos.
Filhas
do ator Maurice Costello, Dolores e sua irmã Helene apareceram na tela em
1909-1915 como atrizes infantis da Vitagraph. Elas interpretaram papéis
secundários em filmes de seu pai, e depois apareceram na Broadway juntas,
resultando um contrato com a Warner Bros. Em 1926, Dolores contracenou com John
Barrymore em A Fera do Mar (The Sea Beast).
Em 1927, foi reunida novamente com Barrymore em Quando o Homem Ama (When a Man Loves), uma adaptação de Manon
Lescaut. Em 1928, Dolores estrelou com George O’Brien A Arca de Noé (Noah’s Ark), e se casou com Barrymore. Outros filmes
importantes de Dolores: Flor do Lodo
(Tenderloin), de 1928, Flor do Pecado
(The Redeeming Sin), de 1929, A
Madona da Avenida (Madonna of Avenue A), de 1929, Corações no Exílio (Hearts in Exile), de 1929. Era chamada de “The
Goddess of the Silver Screen”.
ESTHER
RALSTON (1902-1994)
Nome verdadeiro: Esther Worth. Local de
nascimento: Bar Harbor, Maine, Estados Unidos.
Começou sua carreira ainda criança
em um número de vaudeville da família, anunciado como “The Ralston Family with
Baby Esther, America’s Youngest Juliet”. No cinema, após ter desempenhado
pequenos papéis em várias produções, Esther conseguiu se impor em Huckleberry Finn, de 1920 e, um pouco mais tarde, como Mrs. Darling
em Peter Pan, de 1924 e a Fada
Madrinha em Os Mil Beijos de Cinderella
(A Kiss for Cinderella), de 1925. No final dos anos vinte, trabalhou na
Paramount e alcançou muita popularidade, inclusive na Inglaterra. Outros filmes
importantes de Esther foram A Vênus
Americana (The American Venus), de 1926, Fragata Invicta (Old Ironsides), também de 1926, e O Romance de
Lena (The Case of Lena Smith), de 1929, o famoso filme perdido de Josef von
Sternberg.
EVELYN
BRENT (1901-1975)
Nome
verdadeiro: Mary Elizabeth Riggs. Local de nascimento: Tampa, Flórida, Estados
Unidos.
Em
1915, quando ainda estudava na Escola Normal em Nova York, Evelyn visitou o
World Film Studio em Fort Lee, New Jersey e, dois dias depois, já estava
trabalhando como figurante. Depois, assinou contrato com a Metro Pictures, que
a anunciou como a nova mocinha ingênua do estúdio sob o nome artístico de Betty
Riggs. Após a Primeira Guerra Mundial, Evelyn foi de férias para a Inglaterra,
e ali ficou por quatro anos, aparecendo no teatro e em filmes produzidos por
companhias britânicas. Em 1922, voltou para a América, e continuou atuando no
palco e na tela, até que foi descoberta por Josef von Sternberg, com quem fez
três filmes admiráveis: Paixão e Sangue
(Underworld ) de 1927, A Última Ordem (The Last Command) e O Super-Homem (The Dragnet), ambos de 1928,
nos quais concretizou verdadeiramente seu potencial como atriz. Em Paixão e Sangue, ela interpretou a
personagem pela qual foi mais lembrada, Feathers McCoy, a namorada de um
gangster, considerada por muitos historiadores como a primeira mulher fatal
moderna.
FLORENCE
VIDOR (1895-1977)
Nome
verdadeiro: Florence Arto. Local de nascimento: Huston, Texas, Estados Unidos.
Destacou-se no início de carreira como a
costureirinha trágica Mimi em A Tale of Two
Cities, de 1917. Promovida a atriz principal, contracenou com Sessue
Hayakawa em Hashimura Togo, A Espada do
Duque (The Secret Game), ambos de 1917 e Intenção Oculta (The White Man’s
Law), de 1918. Depois, estrelou filmes para diretores variados, mas preferia
trabalhar com seu marido King Vidor, com o qual fez: A Outra Metade (The Other Half), Humilhação (Poor Relations), filmes
de 1919, The Family Honor, The Jack-Knife
Man, ambos de 1920, Gloriosa Aventura
(Real Adventure), Do Crepúsculo à Aurora ( From Dusk to Dawn) e
Conquering the Woman, estes de 1922. Entretanto, os melhores filmes de
Florence, todos no gênero comédia sofisticada, foram dirigidos por peritos no
assunto: Ernst Lubitsch (O Círculo do
Casamento - The Marriage Circle, de 1924); Malcolm St. Clair (Por Quê Divorciar? - Are Parents People?,
de 1925, A Duquesa e o Garçom - The Grand
Duchess and the Waiter, de 1926); Harry D’Abbadie D’Arrast (Quarteto de Amor - The Magnificent Flirt, de 1928). Ela teve
ainda a honra de atuar, ao lado de Emil Jannings e Lewis Stone, no drama
histórico de Ernst Lubitsch, Alta Traição
(The Patriot), um dos grandes filmes desaparecidos da Historia do Cinema.