quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O Gabinete do Dr. Caligari (Das Cabinet des Dr. Caligari) - Robert Wiene, 1919

Poster Original

            O Gabinete do Dr. Caligari é o alicerce do movimento expressionista no cinema. Enquanto a maior parte dos filmes de sua era seguia a escola dos irmãos Lumière, mostrando o real através de uma “janela do mundo”, Caligari retorna à Méliès, trazendo a magia, o bizarro e o fantástico às telas, se tornando o primeiro grande clássico de terror.



            Na percepção dos roteristas Hans Janowitz e Carl Mayer, o longa se passa em um mundo fora dos eixos, e é responsabilidade do diretor Robert Wiene, do diretor de produção Rudolf Meinert, do cenógrafo Herman Warm, e dos pintores contratados por ele, Walter Röhrig e Walter Reimann, consolidar definitivamente a concepção radicalmente expressionista que conduz o filme.

Os cenários são pintados em uma perspectiva distorcida, a câmera é, em maior parte, centralizada. E cabe aos atores, de maneira teatral, conduzir os movimentos e os impactos da história.



O filme abre com dois homens muito pálidos, um jovem e um mais velho, que conversam em um parque. O mais jovem começa a contar uma história fantástica ocorrida na pequena vila medieval de Holstenwall.

Somos transportados para um pequeno e bizarro vilarejo, onde um homem estranho, com uma capa negra e uma cartola, anda de maneira descompassada. É o Doutor Caligari (Werner Krauss). Ele se encaminha para a prefeitura, onde consegue autorização para realizar seu espetáculo na feira local. A apresentação consiste na amostra das habilidades psíquicas de Cesare (Conrad Veidt), um sonâmbulo de corpo esguio, vestido com uma malha negra, e que vive em estado de animação controlada.



Na mesma noite, um funcionário público de Holstenwall é esfaqueado até a morte em sua cama. No dia seguinte, dois jovens amigos, Francis (Friedrich Feher) e Alan (Hans Heinz von Twardowski), se dirigem para a feira à procura de diversão. Atraídos pela ruidosa propaganda de Caligari, acabam por entrar em sua tenda.

Um público compacto observa o palco, que exibe uma espécie de caixão que abriga Cesare. Caligari proclama que o sonâmbulo é capaz de prever o futuro, pedindo que voluntários façam perguntas. Imediatamente, Alan se levanta e pergunta: "até quando vou viver?" Cesare, sem hesitação, responde: "até a madrugada".



Consternados, os amigos se retiram e encontram a bela Jane (Lil Dagover), pela qual ambos estão apaixonados. Porém, na hora prevista, a profecia se cumpre: Cesare invade a casa de Alan e o mata a facadas.

Pela manhã, Francis descobre o crime e, indignado, vai até a delegacia da cidade, acompanhado pelo pai de Jane (Rudolf Lettinger). A polícia não concede muito crédito às suspeitas do jovem a respeito de Caligari e Cesare, mas decide investigar o caso. Nesse meio tempo, o assassino da noite anterior é capturado. Para a polícia, os dois crimes estão resolvidos: o homem detido é o autor de ambos, embora confesse apenas o primeiro.



Porém, o suspense não termina com a prisão do delinquente, temos a seguir sequencias de tirar o fôlego que envolvem, tanto o destino de Cesare, quanto a identidade do misterioso Dr. Caligari.

Das Cabinet des Dr. Caligari é, sem dúvida, o primeiro clássico do terror e suspense. O trabalho da equipe, a maneira como a história é conduzida, os cenários, o ambiente e os jogos de luz e sombra são inspirações claras para obras-primas como Dracula, de Tod Browning, e Frankenstein, de James Whale, ambos de 1931, como para toda uma geração que veio a seguir.




Ficha Técnica:
Gênero: Terror
Direção: Robert Wiene
Roteiro: Carl Mayer, Hans Janowitz
Elenco: Conrad Veidt, Friedrich Feher, Hans Heinrich von Twardowski, Lil Dagover, Rudolf Lettinger, Werner Krauss
Produção: Erich Pommer, Rudolf Meinert
Fotografia: Willy Hameister
Trilha Sonora: Alfredo Antonini
Duração: 71 min.
Ano: 1919
País: Alemanha
Cor: P&B



2 comentários:

  1. Realmente um Grande Clássico, e aquele final....

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    1. Pois é, Bruno.
      Filme obrigatório para todo cinéfilo.
      Continue conosco !

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