quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Grandes Divas do Cinema Mudo – Parte I

           

               Elas praticamente nasceram junto com o próprio cinema, e entre as décadas de 1910 e 1920 foram ganhando espaço se tornando o referencial de beleza em todo o mundo da época.

             Neste artigo, mostramos os padrões de moda e beleza no início do século passado, bem como a importância das mulheres na sociedade retratada.


            Além disso, prestamos homenagens às musas que até hoje permanecem no imaginário dos amantes de cinema.





ALICE TERRY (1899-1987)



Nome verdadeiro: Alice Frances Taaffe. Local de nascimento: Vincennes, Indiana, Estados Unidos.

Assim que chegou com sua família a Los Angeles, com quinze anos de idade, Alice conheceu Enid Markey, uma atriz que morava no seu prédio. Enid a convenceu a procurar emprego no estúdio de Thomas Ince, conhecido com Inceville. Ela foi contratada e apareceu em alguns filmes, inclusive na grande produção Civilização / Civilization. (interpretando vários tipos como figurante). Foi em Inceville, que conheceu seu futuro marido, o diretor Rex Ingram. Ele a elevou ao estrelato, dirigindo-a no papel de Marguerite em Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse (The Four Horsemen of the Apocalypse), de 1921, ao lado de Rudolph Valentino. Outros filmes importantes de Alice, sob direção de Ingram, foram: Eugenia Grandet (The Conquering Power), de 1921, também com Valentino, O Prisioneiro do Castelo de Zenda (The Prisoner of Zenda), de 1922 (com Lewis Stone), Where the Pavement Ends de 1923, Scaramouche (Scaramouche), de 1923 (ambos com Ramon Novarro), e Mare Nostrum (Mare Nostrum), de 1925 (com Antonio Moreno).





BETTY BRONSON (1906- 1971)

 Nome verdadeiro: Elizabeth Ada Bronson. Local de nascimento: Trenton, New Jersey, Estados Unidos.

Aos dezessete anos, conseguiu uma entrevista com J. M. Barrie, autor de Peter Pan, que a escolheu para o papel principal (ambicionado por Gloria Swanson e Mary Pickford) na adaptação cinematográfica do seu livro, levada à tela em 1924. Betty obteve um êxito instantâneo como Peter Pan e, no ano seguinte, fez mais três intervenções importantes na tela: como a Virgem Maria em Ben-Hur; estrelando outra adaptação de uma história de Barrie, Os Mil Beijos de Cinderella (A Kiss for Cinderella); e integrando o elenco (ao lado de Adolphe Menjou e Florence Vidor), de uma comédia muito divertida, Por Quê Divorciar? (Are Parent’s People?), dirigida magnificamente por Malcom St. Clair.





            BETTY COMPSON (1897-1974)

Nome verdadeiro: Eleanor Luicime Compson. Local de nascimento: Beaver, Utah, Estados Unidos.

Começou sua carreira no vaudeville aos quinze anos de idade, anunciada como “The Vagabond Violinist”. Três anos depois, ofereceram-lhe emprego como comediante no estúdio de Al Christie. Já desligada da firma de Christie, ela ascendeu ao estrelato como Rose em O Homem Miraculoso (The Miracle Man), de 1919, protagonizado por Lon Chaney. Contratada pela Paramount, não teve sorte nos primeiros tempos, e foi para a Inglaterra, onde participou de vários filmes de sucesso de 1922 a 1924. De retorno à América, Betty apareceu novamente ao lado de Lon Chaney em Piratas Modernos (The Big City), de 1928 e, no mesmo ano, fez seu melhor filme, Docas de Nova York (The Docks of New York), de Josef von Sternberg. Ainda em 1928, ela foi indicada para o Oscar por seu desempenho em Sangue de Boêmio (The Barker), e marcou sua presença diante de Erich von Stroheim em O Grande Gabbo (The Great Gabbo).






           BILLIE DOVE (1900-1997)

Nome verdadeiro: Bertha Bohny. Local de nascimento: Nova York, NY, Estados Unidos.

 Filha de imigrantes suíços, trabalhou como modelo na adolescência. Depois de atuar como figurante e em pequenos papéis no cinema em Fort Lee, New Jersey, ela foi contratada para o Ziegfeld Follies, sendo apelidada de “The American Beauty”. No começo de 1920, foi para Hollywood, e logo se tornou uma estrela, contracenando com Douglas Fairbanks em O Pirata Negro (The Black Pirate) de 1926, filmado em Technicolor de duas cores. Outros filmes importantes: Wanderer of the Wasteland (também bicolor), de 1924, Esposa ou Artista? (The Marriage Clause), de 1926, Pecadora sem Malícia (Sensation Seekers), de 1927, Rosa Americana (American Beauty), de 1927, e Só Quero um Homem (The Painted Angel), de 1929.






          BLANCHE SWEET (1896-1986)

Nome verdadeiro: Sarah Blanche Sweet. Local de nascimento: Chicago, Illinois, Estados Unidos.

Filha de artistas do teatro e do vaudeville, ainda criança já integrava o elenco de uma peça. Em 1909, entrou para a Biograph sob as ordens de David Wark Griffith, e se tornou a maior rival de Mary Pickford, que também começara com o mestre no ano anterior. Seu primeiro filme marcante na Biograph foi The Lonedale Operator, de 1911 e, em 1913, ela estrelou o primeiro longa-metragem de Griffith, Judith de Betúlia (Judith of Bethulia). Em 1914, Blanche ingressou na Famous Players Lasky, e continuou sua carreira sob o comando de vários diretores, notadamente Marshalll Neilan, com quem fez um de seus melhores filmes, A Voz da Justiça (Tess of the D’Ubervilles),de 1924. Blanche e Neilan se casaram e formaram sua própria companhia produtora em 1918. A parceria se dissolveu em 1921, mas Blanche continuou participando de produções de qualidade como a primeira versão da peça de Eugene O’Neill, Anna Christie, de  1923.





            CLARA BOW (1905-1965)

Nome verdadeiro: Clara Gordon Bow. Local de nascimento: Nova York, NY, Estados Unidos.

Inscreveu-se, aos dezesseis anos de idade, no Fame and Fortune Contest, patrocinado pela Brewster Publications, editora das revistas Motion Picture, Motion Picture Classics e Shadowland, e ganhou papel em um filme. Após participar de algumas produções baratas na Costa Leste, Clara foi para Hollywood, contratada pela Preferred Films, de B. P. Schulberg, obtendo seu maior êxito nesta companhia em Luar, Música e Amor (The Plastic Age), de 1925. Em 1926, ela interpretou em Loucuras de Mães (Dancing Mothers) uma de suas personagens mais populares, Kittens, a boa/má filha de uma mulher da alta sociedade, tornando-se a “flapper” mais perfeita da tela. Foi na Paramount que Clara fez seus filmes mudos mais famosos: Provocação de Amor (Mantrap), de 1926, O Não Sei Quê das Mulheres (It), de 1927 e Asas (Wings), também 1927. O Não Sei Quê das Mulheres é uma história de Cinderela na qual a balconista de loja, Betty Lou Spence (Clara Bow), conquista o coração de seu empregador (Antonio Moreno). A autora do romance no qual o filme se baseou, Elynor Glynn, criou o termo “It”, que passou a indicar o magnetismo sexual da atriz (The “It” Girl).





            COLLEEN MOORE (1899-1988)

 Nome verdadeiro: Kathleen Morrison. Local de nascimento: Port Huron, Michigan, Estados Unidos.

Estudou música no prestigioso Conservatório de Detroit, mas queria ser atriz e, com a ajuda de um tio, editor de um jornal de Chicago, conseguiu entrar na indústria do cinema, começando como figurante em 1916. Depois de um papel principal como Annie em A Pequena Annie (Little Orphan Annie), de 1918, Colleen apareceu em vários westerns ao lado de Tom Mix e, finalmente, no filme que a associaria para sempre com a juventude da Era do Jazz, Pequenas de Hoje (Flaming Youth), de 1923. Seu penteado de pajem, com uma longa franja caindo sobre a testa, tornou-se a sua marca registrada e criou moda. Colleen mostrou sua capacidade dramática em Amor, Destino e Honra (So Big), de 1924, e também foi muito bem recebida pelo público e pelos críticos em comédias como Irene, de 1926 e O Prêmio de Beleza Ella Cinders), também de 1926. Sua popularidade chegou ao auge, quando interpretou a jovem camponesa Jeaninne, em Amor Nunca Morre (Lilac Time), de  1928 ao lado de Gary Cooper.






            CORINNE GRIFFITH (1894-1979)

Nome verdadeiro: Corinne Mae Griffin. Local de nascimento: Texarkana, Texas, Estados Unidos.

Em 1916, depois de trabalhar no teatro, começou sua carreira cinematográfica na Vitagraph. Nos meados dos anos vinte, transferiu-se para a First National, onde se tornou uma das atrizes mais populares da companhia. Em 1928, interpretou o papel principal na magnífica comédia-dramática dirigida por Lewis Milestone, Jardim do Éden (Garden of Eden). No ano seguinte, foi indicada para o Oscar por sua atuação em A Dama Divina (The Divine Lady), na qual personificou Lady Hamilton. No auge da fama, Corinne recebeu o apelido de “The Orchid Lady of the Screen” por sua elegância e beleza. Outros filmes importantes: O Que as Mulheres Querem (Black  Oxen), de 1923, A Modista de Paris (Mademoiselle Modiste), de 1926.





            DOLORES COSTELLO ( 1903-1979)

            Nome verdadeiro: Dolores Costello. Local de nascimento: Pittsburgh, Pennsylvania, Estados Unidos.

Filhas do ator Maurice Costello, Dolores e sua irmã Helene apareceram na tela em 1909-1915 como atrizes infantis da Vitagraph. Elas interpretaram papéis secundários em filmes de seu pai, e depois apareceram na Broadway juntas, resultando um contrato com a Warner Bros. Em 1926, Dolores contracenou com John Barrymore em A Fera do Mar (The Sea Beast). Em 1927, foi reunida novamente com Barrymore em Quando o Homem Ama (When a Man Loves), uma adaptação de Manon Lescaut. Em 1928, Dolores estrelou com George O’Brien A Arca de Noé (Noah’s Ark), e se casou com Barrymore. Outros filmes importantes de Dolores: Flor do Lodo (Tenderloin), de 1928, Flor do Pecado (The Redeeming Sin), de 1929, A Madona da Avenida (Madonna of Avenue A), de 1929, Corações no Exílio (Hearts in Exile), de 1929. Era chamada de “The Goddess of the Silver Screen”.






            ESTHER RALSTON (1902-1994)
     Nome verdadeiro: Esther Worth. Local de nascimento: Bar Harbor, Maine, Estados Unidos.

            Começou sua carreira ainda criança em um número de vaudeville da família, anunciado como “The Ralston Family with Baby Esther, America’s Youngest Juliet”. No cinema, após ter desempenhado pequenos papéis em várias produções, Esther conseguiu se impor em Huckleberry Finn, de  1920 e, um pouco mais tarde, como Mrs. Darling em Peter Pan, de 1924 e a Fada Madrinha em Os Mil Beijos de Cinderella (A Kiss for Cinderella), de 1925. No final dos anos vinte, trabalhou na Paramount e alcançou muita popularidade, inclusive na Inglaterra. Outros filmes importantes de Esther foram A Vênus Americana (The American Venus), de 1926, Fragata Invicta (Old Ironsides), também de 1926, e O Romance de Lena (The Case of Lena Smith), de 1929, o famoso filme perdido de Josef von Sternberg.





            EVELYN BRENT (1901-1975)

Nome verdadeiro: Mary Elizabeth Riggs. Local de nascimento: Tampa, Flórida, Estados Unidos.

Em 1915, quando ainda estudava na Escola Normal em Nova York, Evelyn visitou o World Film Studio em Fort Lee, New Jersey e, dois dias depois, já estava trabalhando como figurante. Depois, assinou contrato com a Metro Pictures, que a anunciou como a nova mocinha ingênua do estúdio sob o nome artístico de Betty Riggs. Após a Primeira Guerra Mundial, Evelyn foi de férias para a Inglaterra, e ali ficou por quatro anos, aparecendo no teatro e em filmes produzidos por companhias britânicas. Em 1922, voltou para a América, e continuou atuando no palco e na tela, até que foi descoberta por Josef von Sternberg, com quem fez três filmes admiráveis: Paixão e Sangue (Underworld ) de  1927, A Última Ordem (The Last Command) e O Super-Homem (The Dragnet), ambos de 1928, nos quais concretizou verdadeiramente seu potencial como atriz. Em Paixão e Sangue, ela interpretou a personagem pela qual foi mais lembrada, Feathers McCoy, a namorada de um gangster, considerada por muitos historiadores como a primeira mulher fatal moderna.






            FLORENCE VIDOR (1895-1977)
  Nome verdadeiro: Florence Arto. Local de nascimento: Huston, Texas, Estados Unidos.

 Destacou-se no início de carreira como a costureirinha trágica Mimi em A Tale of Two Cities, de 1917. Promovida a atriz principal, contracenou com Sessue Hayakawa em Hashimura Togo, A Espada do Duque (The Secret Game), ambos de 1917 e Intenção Oculta (The White Man’s Law), de 1918. Depois, estrelou filmes para diretores variados, mas preferia trabalhar com seu marido King Vidor, com o qual fez: A Outra Metade (The Other Half), Humilhação (Poor Relations), filmes de 1919, The Family Honor, The Jack-Knife Man, ambos de 1920, Gloriosa Aventura (Real Adventure), Do Crepúsculo à Aurora ( From Dusk to Dawn)  e Conquering the Woman, estes de 1922. Entretanto, os melhores filmes de Florence, todos no gênero comédia sofisticada, foram dirigidos por peritos no assunto: Ernst Lubitsch (O Círculo do Casamento - The Marriage Circle, de 1924); Malcolm St. Clair (Por Quê Divorciar? - Are Parents People?, de 1925, A Duquesa e o Garçom - The Grand Duchess and the Waiter, de   1926); Harry D’Abbadie D’Arrast (Quarteto de Amor -  The Magnificent Flirt, de 1928). Ela teve ainda a honra de atuar, ao lado de Emil Jannings e Lewis Stone, no drama histórico de Ernst Lubitsch, Alta Traição (The Patriot), um dos grandes filmes desaparecidos da Historia do Cinema.





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