sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind) - Michel Gondry, 2004




Poster Oficial


Que me perdoem os que pensam o contrário, mas Jim Carrey nasceu para fazer drama.

O que dizer sobre Cine Majestic (The Majestic, 2001), que tem uma história incrível contada na década de 50 sobre um homem que troca de identidade, onde vemos os ideais das pessoas, tanto na pequena cidade da Califórnia, quanto nos roteiristas de cinema da época. O filme mostra o quanto as pessoas são julgadas desnecessariamente.

Em O Mundo de Andy (Man on the Moon, 1999), Jim dá vida, brilhantemente, a Andy Kaufman, o famoso e polêmico comediante americano. Já em O Show de Truman (The Truman Show, 1998), ele encara truman, que desde seu nascimento vive em uma realidade alternativa. Neste filme vemos uma avaliação assombrosa da nossa existência, expondo totalmente a cultura das pessoas hoje em dia, que se entretém com coisas fúteis.

Mas a obra abordada hoje será Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind), de 2004.

Joel ( Jim Carrey) e Clementine ( Kete Winslet)


O filme retrata o sentimento de vontade de apagar uma pessoa de nossa mente. Joel (Jim Carrey) é um homem que está saindo de uma relação conturbada com sua esposa que passa a viver uma nova história, um novo sentimento com Clementine (Kate Winslet), uma jovem que encara a vida sempre com entusiasmo e diversão. Uma vida fora dos padrões, totalmente contrária a que Joel estava acostumado a levar.

Incapaz de demonstrar seus sentimentos pela jovem, Joel reluta aceitar que está amando-a, mas ainda assim consegue levar uma relação de quase dois anos, vivenciando momentos mágicos e divertidos com Clementine.

Sem conseguir um progresso em sua relação, Joel e Clementine têm uma briga feia, uma daquelas em que se diz mais do que se quer dizer.

Joel (Jim Carrey)


Clementine, então, por impulso, característica marcante da personagem, decide apagar Joel de vez de sua vida, indo a um consultório que promete “limpar o cérebro”. E ela o faz.

Ao descobrir a atitude daquela que ama, Joel se vê em crise existencial, depressão e  todos aqueles sentimentos terríveis de perda. Assim, decide fazer o mesmo e apagar também Clementine de sua vida, mas, ao perceber que graças aos experimentos a vida dela tornou-se marcada de sentidos ilógicos e depressivos ele desiste no meio do tratamento e tenta reverter o quadro e conhecer novamente o seu amor.

Vemos no filme o desespero de Joel. O arrependimento de quem sabe que errou e se apavora em tentar reverter a situação. O longa retrata o uso abusivo das artificialidades e suas consequências, que podem se perpetuar para a vida toda.

O tratamento de esquecimento.



Curiosidade:

O título do filme foi retirado do poema "Eloisa to Abelard", de autoria de Alexander Pope. O mesmo poema já havia sido usado pelo roteirista Charlie Kaufman em Quero ser John Malkovich (1999).


Premiações:

OSCAR: Melhor Roteiro Original.

Onde Comprar:



O filme está disponível em dvd nos links abaixo:


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Ficha Técnica: 


Gênero: Drama
Direção: Michel Gondry
Roteiro: Charlie Kaufman
Elenco: David Cross, Elijah Wood, Jim Carrey, Kate Winslet, Kirsten Dunst
Produção: Anthony Bregman, Steve Golin
 Fotografia: Ellen Kuras
Trilha Sonora: Jon Brion

Duração: 108 min.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

O Mágico de Oz (The Wizard of Oz) - Victor Fleming, 1939

Poster Oficial


Foi na década de 1930 que se teve início a febre dos musicais. Diversas obras lotavam as salas de exibição, e centenas de artistas, diretores e roteiristas foram aclamados como deuses pelo público e pela crítica.

Também nesta década, na fase de ouro do cinema, surgiram grandes clássicos de diversos gêneros que são ícones até os dias atuais. Como esquecer de Luzes da Cidade (City Lights, 1931) e Tempos Modernos (Modern Times, 1936), de Chaplin ? Dos magníficos Dracula (de Tod Browning, 1931) e Frankenstein (de James Whale, 1931), dos estúdios Universal?  E como não se cativar por ...E O Vento Levou (Gone with the Wind, também de Fleming, 1939)? São tantas e tantas obras que se tornaram referências para toda a eternidade.

O Mágico de Oz é um filme lendário, tanto como musical, quanto de uma maneira geral. Uma superprodução que, apesar de na época não arrecadar muito – talvez por ter sido uma produção cara –, tornou-se um dos maiores de todos os tempos que encanta crianças e adultos de diversos cantos do mundo. Não há como não se comover com a garota Dorothy Gale (interpretada por Judy Garland), ou se encantar com o Espantalho (Ray Bolger) e sua astúcia, mesmo sem cérebro, apenas para citar alguns dos personagens.

O Espantalho, o Homem de Lata, a garota Dorothy e o Leão em busca de Oz.


Dorothy vive no Kansas e vive na fazenda dos seus tios Henry (Charley Grapewin) e Em (Clara Blandick). Certo dia, o cão de Dorothy, Totó, “ataca” a Srta. Gulch (Margaret Hamilton), uma senhora ranzinza, que, irritada, vai até Henry e Em com uma ordem judicial que a autoriza a retirada do animal.

Apesar dos apelos de Dorothy, os tios se sentem obrigados em cumprir a lei, entregando o cão a Gulch que o coloca em uma cesta e o leva em sua bicicleta. Porém o cachorro foge e retorna para a fazenda.

Temendo que Gulch volte para pegar Totó, Dorothy foge. Na estrada conhece o professor Marvel (Frank Morgan), um falso adivinho que a deixa fascinada com seus "dons". Ele percebe que a garota fugiu de casa, então sutilmente a persuade para voltar ao lar.

Dorothy canta 'Over the Rainbow'


 Quando Dorothy e Totó voltam, surge um tornado enorme, que se move pelas planícies na direção da fazenda. Os colonos Zeke (Bert Lahr), Hickory (Jack Haley) e Hunk (Ray Bolger) correm com Em e Henry para um abrigo, fechando as portas antes de verem Dorothy, que não os encontra a tempo.

Sem saída, ela corre para dentro da casa. Abrigada, uma tela de janela arrancada pelo vento voa através do quarto e bate na sua cabeça, fazendo com que a garota desmaie.
Logo ela descobre que a casa da fazenda foi arrancada do chão e está sendo levada para o centro do tornado. Olhando pela janela, vê voando com a força do vento os animais de fazenda, um homem remando um barco e até mesmo uma mulher idosa, que calmamente tricota na cadeira de balanço.

Dorothy também vê Gulch, que logo se transforma em uma bruxa horrorosa montando uma vassoura e usando um chapéu pontudo. A casa começa a descer, girando até o solo e aterrissando com um estrondo. Apreensiva, ela abre a porta da casa e seus olhos se deslumbram com um lugar maravilhoso(Temos aqui uma das mais belas surpresas do cinema.  Ao abrir da porta, o filme passa de um tom sépia para cores vivas).

Totó e Dorothy.


Dorothy tem certeza que não está mais no Kansas, principalmente quando, através de uma bolha colorida, surge Glinda (Billie Burke), a Bruxa do Norte, perguntando se ela  era uma bruxa boa ou má. O motivo da pergunta é que os Munchkins, os pequenos habitantes daquele lugar, disseram a Glinda que uma bruxa derrubara uma casa sobre a Bruxa Má do Leste, matando-a e salvando os moradores de sua perversidade.

Porém, uma nuvem de fumaça vermelha anuncia a chegada da Bruxa Má do Oeste ( idêntica à Srta. Gulch e a Bruxa do Leste), que chega para arrebatar os sapatos de rubi, aparentemente mágicos, de sua irmã morta. Entretanto, a Bruxa do Oeste não tem nenhum real poder na terra dos Munchkins e, antes que possa pôr as mãos nos sapatos mágicos, eles surgem nos pés de Dorothy, graças a uma magia de Glinda. A bruxa jura vingança diante de uma apavorada Dorothy, antes de desaparecer em outra nuvem de fumaça vermelha.

A garota confessa à Glinda sua vontade de retornar ao Kansas. A boa bruxa não pode ajudá-la, mas indica o grande e Todo-Poderoso Mágico de Oz (Frank Morgan). Glinda diz que ele tem este poder mas que é preciso ir até a Cidade de Esmeraldas, para encontralo.Para chegar até lá, bastava a garota seguir a estrada de tijolos amarelos.  O último conselho da bruxa, foi para que a garota jamais tirasse os sapatos mágicos de seus pés.

O Espantalho


No caminho conhece um espantalho (Ray Bolger) que a acompanha em busca de um cérebro. Mais adiante encontram um homem de lata (Jack Haley), que anseia por um coração, que passa a viajar com a dupla. Logo depois o trio se depara com um leão covarde (Bert Lahr), que quer ter coragem. Assim, forma-se o quarteto que segue o caminho até Oz.

Aprendemos no filme de Fleming a nunca desistir de nossos sonhos, e que, mesmo que um mundo novo pareça mais colorido, não há lugar melhor que nosso lar, junto de quem amamos.



O Homem de Lata


Curiosidades:

- A MGM pagou a L. Frank Baum US$ 75 mil pelos direitos de adaptação cinematográfica de seu livro, uma quantia recorde na época;

- Richard Thorpe iniciou as filmagens e rodou por várias semanas até ser demitido pelos produtores, que consideraram seu trabalho insatisfatório. Nenhuma das cenas rodadas por Thorpe foi incluída na versão final do filme;

- Ainda em busca de um diretor substituto, os produtores contrataram George Cukor como diretor temporário. Victor Fleming assumiu a direção logo em seguida, mas teve que abandoná-la após ser contratado para dirigir ...E o Vento Levou, mesmo assim foi creditado como diretor principal;

- Após a saída de Fleming, King Vidor foi contratado para rodar as sequências restantes. Vidor basicamente apenas rodou as cenas em preto e branco, situadas em Kansas. Ao todo O Mágico de Oz teve 5 diretores;

- O roteiro de O Mágico de Oz foi escrito tendo em mente o ator W.C. Fields para interpretar o mago, porém o produtor Mervyn LeRoy procurou antes Ed Wynn, que recusou o papel. LeRoy ofereceu então um salário de US$ 75 mil a Fields, que recusou e pediu US$ 100 mil. Foi a vez então do produtor recusar a oferta;

- Frank Morgan chegou a fazer um teste com uma maquiagem que deixava o Mágico de Oz parecido com o do livro de L. Frank Baum, mas esta foi descartada. Ocorreram mais 5 testes até se chegar à caracterização final do personagem;


O Leão Medroso


- Buddy Ebsen, que inicialmente interpretaria o Espantalho, após a mudança pedida por Ray Bolger, iria interpretar o Homem de Lata. Porém, como o alumínio usado na confecção da roupa do personagem era tóxico e gerava uma alergia em Ebsen, este teve que desistir do papel. No lugar de Buddy Ebsen foi contratado Jack Haley, que usou uma roupa que diminuía a inalação do alumínio por parte de quem a estivesse usando. Ao ser contratado Haley não sabia do efeito que a roupa causara em Ebsen, acreditando que este tivesse sido demitido pelo estúdio;

- Os produtores chegaram a cogitar a possibilidade de usar um leão de verdade no filme, com sua voz sendo dublada por um ator contratado;

- Cada um dos munchkins que aparecem no filme foi pago US$ 50 por semana, enquanto o dono do cachorro Totó recebeu US$ 125 por semana;

- Várias das vozes dos munchkins foram dubladas por cantores profissionais, já que muitos de seus intérpretes não sabiam cantar ou até mesmo não falavam inglês corretamente. De todos os munchkins apenas dois deles têm a voz real de seus intérpretes ouvida em O Mágico de Oz: aqueles que entregam a Dorothy um buquê de flores, logo após sua chegada a Oz;

- A maquiagem usada por Bert Lahr para compôr o Leão o impossibilitava de comer objetos sólidos, sob o risco dela ser desfeita. Isto fez com que o ator apenas se alimentasse de sopas e milk-shakes durante boa parte das filmagens;

- A atriz Margaret Hamilton, intérprete da Bruxa Má do Oeste, teve que ficar afastada dos sets de filmagens por mais de um mês, após ter se queimado seriamente ao rodar a cena do desaparecimento de sua personagem da terra dos munchkins;

- A estrada de tijolos amarelos inicialmente seria verde. A mudança de cor aconteceu após uma das paralisações nas filmagens, quando ficou definido que a cor amarela seria a melhor a ser usada em um filme feito com Technicolor;

- A Bruxa Má do Oeste do filme O Mágico de Oz tem dois olhos, enquanto no livro tem apenas um;

- Os cavalos do palácio da Cidade de Esmeraldas foram pintados com cristais Jell-O. As cenas em que eles aparecem tiveram que ser rodadas rapidamente, para evitar que os cavalos lambessem sua pele e removessem a tintura;

- Inicialmente O Mágico de Oz teria as presenças de Betty Haynes como a Princesa Betty de Oz e Kenny Baker, como seu amante. A dupla chegou a gravar com Judy Garland uma das canções do filme mas, após várias revisões do roteiro, acabaram ficando de fora do longa;

- Uma outra versão de "Over the Rainbow" chegou a ser gravada por Judy Garland, quando sua personagem estava encarcerada no castelo da Bruxa Má do Oeste. Durante sua realização, a atriz começou a chorar espontaneamente, devido à tristeza da cena. Esta sequência terminou ficando de fora da edição final de O Mágico de Oz;

- O orçamento de O Mágico de Oz foi de US$ 2,7 milhões, sendo que o filme arrecadou US$ 3 milhões em seu primeiro lançamento nos cinemas.

A Bruxa Má do Oeste.


Premiações:

OSCAR:
- Melhor Trilha Sonora;
- Melhor Canção Original.

Onde Comprar:



A Warner Bros lançou no Brasil edições com 1, 2 e 3 discos, respectivamente indicados nos links abaixo:


Valorize a obra e os artistas. Compre o Produto original.


Ficha Técnica:
Gênero: Musical
Direção: Victor Fleming
Roteiro: Edgar Allan Woolf, Florence Ryerson, Noel Langley
Elenco: Bert Lahr, Bilie Burke, Charley Grapewin, Clara Blandick, Frank Morgan, Jack Haley, Judy Garland, Margaret Hamilton, Ray Bolger
Produção: Mervyn LeRoy
Fotografia: Harold Hal Rosson
Trilha Sonora: George Bassman, George Stoll, Harold Arlen, Herbert Stothart
Ano: 1939
País: EUA
Cor: P&B e Colorido
Duração: 104 Min.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Os Sete Samurais (Shichinin no Samurai) - Akira Kurosawa, 1954

Poster Oficial

           O cinema mundial deve muito ao Japonês Akira Kurosawa (Tóquio, 23 de Março de 1910 — Setagaya, 6 de Setembro de 1998).

Kurosawa transcendeu a gêneros, períodos e nacionalidades, mas sempre deixou em evidência sua própria cultura, isso é percebido na movimentação dos atores, em sua obsessão por cenários autênticos e as influências dos teatros e Kabuki. 

Kurosawa era um cineasta perfeccionista e minucioso, e seu perfeccionismo estava ligado ao fato dele participar de praticamente todas as etapas do processo de realização de um filme. Ele não apenas dirigia, mas também escrevia os roteiros, desenhava os personagens e as cenas de batalha, ajudava na fotografia e no posicionamento da câmera e fazia o corte final junto ao montador. 


Akira Kurosawa


Clássico na forma e romântico na essência, Akira Kurosawa foi um cineasta eclético, passando dos dramas históricos samurais às adaptações da literatura ou a crítica da sociedade contemporânea, em que o protagonista invariavelmente prefere a honra a qualquer outro valor (como em Os Sete Samurais) sem que isso significasse a ausência de uma constante temática.

Em sua obra densa onde se fundem a alma japonesa e os valores universais, o ideal humanista está subordinado à beleza que sai de imagens fabulosas criadas com notável senso técnico de fotografia, enquadramento, plástica e montagem. 

O cineasta, em 1989 foi premiado com um Oscar honorário, "pelas realizações cinematográficas que têm inspirado encantado, enriquecido e entretido o público e influenciado cineastas de todo o mundo”.


Os Sete samurais (1954)


Em Os Sete Samurais, Akira Kurosawa mostra o Japão do século XVI, durante a era Sengoku. Nessa época os habitantes de uma aldeia de lavradores sofriam frequentes ataques de bandidos, que extorquiam seus alimentos, mulheres e bens, além de deixar vítimas. Em função destes ataques, determinados aldeãos vivem em grande miséria. O filme conta como esses lavradores decidem resistir aos ataques dos bandidos. Reconhecendo seu desconhecimento de como se defender, eles procuram pessoas que conheçam a arte da guerra: Os samurais, guerreiros profissionais no Japão de então.

A história se inicia com uma gangue de 40 bandidos chegando a uma pequena aldeia de agricultores num lugar afastado, nas montanhas. O líder do bando decide que, por já terem saqueado esta aldeia algum tempo antes, é melhor poupá-la de outra investida, a fim de, em um ataque futuro, obter maior vantagem no ato.

Entretanto, um dos aldeões, escondido sob um feixe de lenha, ouve a conversa dos bandidos e volta para a aldeia com a notícia. Os moradores desesperados, vão ouvir o ancião do vilarejo, que os instrui a contratar guerreiros samurais que os ajudem a defender a sua terra.

Kambei (Takeshi Shimura), em destaque.


 Alguns moradores são contrários a esta sugestão, alegando que os samurais são profissionais caros e que, também por serem homens, poderão desejar as jovens filhas dos agricultores, ao mesmo esquema dos bandidos. No entanto, percebem que não há escolha.

 Reconhecendo que os agricultores pobres não podem oferecer alto pagamento a profissionais, o ancião sugere que procurem "samurais sem senhor", ronin, ou seja, guerreiros desempregados. Logo, um pequeno grupo vai à cidade em busca de samurais que lutem por comida, pelo ideal da justiça ou pelo simples prazer de combater o mais forte.

Sem terem sua oferta bem recebida, assim estando desanimados, os camponeses testemunham a estratégia e a luta que um velho samurai, Kambei (Takeshi Shimura), cria para resgatar dramaticamente um menino da cidade que havia sido sequestrado.

Os bastidores da obra. No centro, Kurosawa.


Um jovem samurai, discípulo em busca de mestre, Katsushiro (Isao Kimura), também assiste a cena e pede para que Kambei o aceite como seu aluno. Kambei apenas concorda que o jovem o acompanhe, como amigo, argumentando que não tem muito a lhe ensinar. Ouvindo esta demonstração de modéstia, os agricultores então pedem que Kambei os ajude a defender sua aldeia contra os bandidos da montanha, oferta aceita imediatamente pelo velho.

Analisando a situação trazida pelos agricultores, Kambei vê como necessária a ajuda de pelo menos mais cinco samurais, além dele e de Katsushiro. Os dois saem a procura de outros ronin, entre os que perambulam pela cidade, e logo encontram quatro que aceitam o desafio de lutar pelos agricultores.

Como o tempo para a colheita da cevada estava chegando e, portanto o tempo para a chegada dos bandidos à aldeia se aproximava, Kambei resolve partir com um grupo de apenas seis samurais.

Os bandidos das montanhas.


 Um homem, que se fingia de samurai, Kikuchiyo (interpretado por Toshiro Mifune) rejeitado por Kambei, quer se juntar a eles de qualquer maneira. Ele segue o grupo à distância, ignorando os protestos dos verdadeiros samurais.

Quando os samurais chegam à aldeia, os habitantes e mostram-se desconfiados, escondendo-se em suas casas com medo, procurando proteger suas filhas e eles mesmos desses guerreiros supostamente perigosos. Os samurais sentem-se insultados com a maneira pela qual foram recebidos, uma vez que se ofereceram para defender a vila a troco de quase nenhuma recompensa. Insatisfeitos, buscam uma explicação com o ancião da aldeia.

O velho explica que os aldeões são medrosos e ignorantes e não sabem decidir o que é melhor para eles. De repente, o alarme que avisa contra a chegada de bandidos é tocado e os moradores saem de suas casas implorando que sejam defendidos pelos recém-chegados guerreiros.

Da Esquerda para Direita: Kambei, Kikuchiyo e Katsushiro.


Acontece que era um alarme falso, acionado por Kikuchiyo, o falso samurai. Em seguida, na praça da aldeia, ele mostra aos moradores, que em pânico, pedem ajuda aos samurais a incoerência de sua recepção. Com isso Kikuchiyo demonstra sua inteligência e capacidade de comunicação por detrás de seu comportamento rude e humorístico, e acaba ganhando a simpatia dos demais guerreiros sendo assim, incluso no grupo. O seis samurais, em fim, passam a ser sete.

Os sete samurais, então, passam a ensinar as pessoas da aldeia a se defender. Cada um dos guerreiros era detentor de alguma habilidade específica, além do uso da espada, do arco e flecha. Kurosawa mostra a importância de cada virtude na construção de uma estratégia de defesa.

O longa trata magnificamente de vários temas referentes à cultura japonesa, como a morte, o aprendizado, a miséria natural (a velhice), a miséria social (a pobreza), a estratégia militar, a obediência, a castidade, a piedade, as diferenças sociais entre produtores e guerreiros, a sutil diferença entre a violência de defesa dos guerreiros e a violência de ataque dos bandidos e o respeito às diferenças sociais e pessoais. Valores da milenar cultura japonesa, que sob a ótica de Akira Kurosawa, encantam gerações de fãs ao redor do mundo e através dos tempos.

Bastidores: A elaboração da chuva.


Quem são os sete samurais ?

- Kambei Shimada, vivido por Takashi Kimura, é o sábio e experiente samurai que constrói e lidera o grupo de guerreiros na missão de defender os aldeões.



- Katsushiro Okamoto, interpretado por Isao Kimura, é o samurai jovem que nunca lutou e que busca se tornar um grande guerreiro.



Gorobei Katayama, interpretado por Yoshio Inaba, recrutado por Kambei, é o samurai habilidoso em arquearia que age como o imediato no comando na criação do plano mestre de defesa da aldeia.



 - Shichiroji, vivido por Daisuke Kato, é o samurai que, já tendo lutado outras guerras com Kambei, encontra-se com ele por acaso na cidade e que, convidado por ele, aceita participar desta guerra.



- Heihachi Hayashida, vivido por Minoru Chaki, é o samurai recrutado por Gorobei Kaatyama, que embora não tendo tanto treino como guerreiro, tem o charme e vontade necessárias para manter seus camaradas afáveis diante da adversidade.



- Kyūzō, interpretado por Seiji Miyaguchi, é o samurai sério, frio e altamente habilidoso como espadachim. É treinado nas artes de guerra e, após ter inicialmente declinado de oferta de trabalho de Kambei, muda de ideia e decide se juntar ao grupo.




- Kikuchiyo, vivido por Toshiro Mifune é o último guerreiro a adentrar o grupo. Pretende ser um samurai e para isso até apresenta uma falsa certidão de nascimento. Na verdade é um filho de produtor rural que luta até provar seu valor.



Curiosidades:

- As filmagens de Os Sete Samurais tiveram que ser interrompidas por diversas vezes devido à falta de cavalos para a realização das cenas finais de batalha;

 - O ator Seiji Miyaguchi, que interpreta o samurai Kyuzo, nunca havia tocado em uma espada antes de rodar Os Sete Samurais. Foi graças à uma cuidadosa edição usada no filme que o ator pôde passar para o público a impressão de que ele era um mestre na arte espadachim;

- Quando foi lançado pela primeira vez nos Estados Unidos e na Europa foi exibida uma versão de Os Sete Samurais que tinha apenas 141 minutos (a versão original possui 204 minutos, hoje, mais comum);

- o filme ganhou uma versão Western em Sete Homens e Um Destino (The Magnificent Seven ) de John Sturges (1960).

Sete Homens e um destino (1960). Versão Norte-americana do filme de Kurosawa.


Premiações:

FESTIVAL DE VENEZA:
Leão de Prata

OSCAR:
Indicações:
 Melhor Direção de Arte - Preto e Branco
Melhor Figurino - Preto e Branco

BAFTA:
Indicações:
Melhor Filme
Melhor Ator Estrangeiro - Toshirô Mifune
Melhor Ator Estrangeiro - Takeshi Shimura


Onde Comprar:



Você encontra o DVD de Os Sete Samurais, lançado Pela Europa Filmes, nos links abaixo:




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Trailer


Ficha Técnica:

Gênero: Ação
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Akira Kurosawa, Hideo Oguni, Shinobu Hashimoto
Elenco: Akio Kusama, Akira Tani, Akira Yamada, Atsushi Watanabe, Bokuzen Hidari, Chindanji Miyagawa, Daisuke Katô, Eijirô Tôno, Eisuke Nakanishi, Etsurô Saijô, Gen Shimizu, Gorô Amano, Haruko Toyama, Haruo Nakajima, Haruo Suzuki, Haruya Sakamoto, Hideo Ôtsuka, Hideo Shibuya, Hikaru Kitchôji, Hiroshi Akitsu, Hiroshi Sugi, Ichirô Chiba, Ippei Kawagoe, Isao Kimura, Isao Yamagata, Jirô Suzukawa, Jun Mikami, Jun Tatara, Junpei Natsuki, Kamatari Fujiwara, Kamayuki Tsubono, Kan Hayashi, Kaneo Ikeda, Kazuo Imai, Keiji Sakakida, Keiko Mori, Keiko Tsushima, Kichijirô Ueda, Kiyoshi Kamoda, Kôji Iwamoto, Kôji Uno, Kokuten Kôdô, Kyôichi Kamiyama, Kyôko Ozawa, Kyorô Sakurai, Masaaki Tachibana, Masahide Matsushita, Masako Ôshiro, Masanobu Ôkubo, Masayoshi Kawabe, Matsue Ono, Megeru Shimoda, Michiko Kadono, Michiko Kawabe, Minoru Chiaki, Minoru Itô, Misao Suyama, Noriko Honma, Noriko Sengoku, Ryûtarô Amami, Sachio Sakai, Sanpei Mine, Seiji Miyaguchi, Senkichi Ômura, Shigemi Sunagawa, Shigeo Katô, Shin Ôtomo, Shinpei Takagi, Shizuko Azuma, Shôichi Hirose, Shû Ôe, Sojin, Sôkichi Maki, Taiji Naka, Takashi Narita, Takashi Shimura, Takeshi Seki, Takuzô Kumagaya, Tazue Ichimanji, Toku Ihara, Toranosuke Ogawa, Toriko Takahara, Toshiko Nakano, Toshio Takahara, Toshirô Mifune, Tsuneo Katagiri, Tsuruko Mano, Yasuhisa Tsutsumi, Yasuo Ônishi, Yayoko Kitano, Yoshikazu Kawamata, Yoshio Inaba, Yoshio Kosugi, Yoshio Tsuchiya, Yukiko Shimazaki, Yûko Togawa
Produção: Shojiro Motoki
Fotografia: Asakazu Nakai
Trilha Sonora: Fumio Hayasaka
Duração: 204 min.
Ano: 1954
País: Japão
Cor: P&B