Vem
chegando o fim do ano e todos nós merecemos um descanso.
Queria agradecer a todos os leitores
que, apesar de por vezes abandonado em prol à minha vida acadêmica, acompanharam
nossas postagens desde o mês de julho. Confesso
que não imaginava tamanha repercussão e apoio. Muito obrigado!
Para
o próximo ano as novidades serão interessantes: Mudaremos um pouco o foco do
blog, abrangendo um ramo artístico maior. Provavelmente, também mudaremos para
uma plataforma mais atualizada. Tudo isso será feito para tornar a página mais
atraente para todos.
Qualquer sugestão ou crítica será bem-vinda e
pode ser feita através de nossa página no facebook:
Apaixonado,
maluco, excêntrico. Estes e outros adjetivos caem como uma luva para explicar a
vida de Edward Davis Wood Jr.
Conhecido
como o pior diretor de todos os tempos, Ed Wood ficou famoso por suas produções
excêntricas de qualidade duvidosa. Plano
9 do Espaço Sideral (Plan 9 From Outer Space), a sua obra mais conhecida, foi
considerada o pior filme da história na época de seu lançamento, porém, com o
advento da cultura trash é conceituada
como Cult por diversos fãs até os
dias de hoje.
Tim
Burtun, um desses fãs, produziu nos anos 90 uma biografia máxima de Wood com Johnny Depp no papel principal (com um
entusiasmo que não vemos mais hoje em dia) e a brilhante atuação de Martin
Landau (vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante) como o lendário Bela Lugosi, que nos faz confusos
perante a dúvida de estarmos em um filme ou no mundo real.
O verdadeiro Ed Wood e a adaptação de Depp (à direita)
O
longa se inicia por acompanhar o jovem cineasta enquanto este protagoniza uma
peça de teatro, ao lado de um conjunto de atores desajustados, que é,
posteriormente, devastada pela crítica. Todavia, esta incursão pouco feliz pelo
teatro não impede o apaixonado cinéfilo de perseguir o sonho de tornar-se um
cineasta, apesar de o fluxo inexorável do tempo começar a deixa-lo algo
pessimista: “com 26 anos, Orson Welles realizou Citizen Kane. Eu ainda não
realizei nada”.
A
sua grande oportunidade surge quando o produtor George Walls aceita reunir-se
com Wood para discutir a sua possível contratação para realizar “I Changed my
Sex!”. O infame cineasta consegue convencer o produtor ao revelar que conhece
melhor do que ninguém a temática do filme, pois também este carrega consigo o
estranho segredo de vestir roupas de mulher, hábito consagrado desde a sua
infância, quando a mãe o vestia de mulher.
Durante
todo este processo, Wood conhece Bela Lugosi ,uma estrela de cinema em
decadência, lembrado somente pelo belíssimo
trabalho que fez em Drácula, que vive
nas sombras do seu eterno rival Boris Karloff ( Frankenstein).
Uma
das coisas mais interessantes neste filme, é justamente a relação entre Lugosi
e Wood. Wood parece tão cego para as coisas, que sequer parece perceber a atual
realidade de Lugosi. O ator não é mais uma estrela, mas ainda assim Wood faz
questão de tratá-lo como se fosse ainda. Ele o adora e acaba se tornando o
melhor amigo da vida do velho ator.
Ed
Wood decide alterar o nome do filme para “Glen or Glenda”, utilizando um reaproveitamento
de imagens de outros filmes que gera uma descontinuidade narrativa gritante, transformando
o cineasta em um fracasso de Hollywood.
Apaixonado
pelas grandes obras, Wood não desiste de levar ao grande ecrã “Bride of the
Atom”, conseguindo apoios de figuras dispares. É assim que o novo filme sai do
papel, indo ser filmado nos Larchmont Studios e protagonizado por Loretta King,
Bela Lugosi e pela grande estrela de luta, Tor Johnson.
A
história parece ter tudo para ser um filme de sucesso: elementos de
ficção-científica, uma estrela, uma cara bonita como Loretta King, entre outros
elementos. Nada ocorre como o planejado e Wood vê-se na contingência de
procurar novas fontes de financiamento, que surgem na figura do poderoso
empresário Don McCoy, que exige não apenas que o seu filho protagonize o filme,
mas também que este termine com uma grande explosão.
Não
é preciso dizer que a obra foi um fracasso total, tendo sido recebida por um
público indignado com o que tinha acabado de ver.
Enquanto a saúde de Lugosi definha e o ator
acaba por falecer, Wood percebe que tem nos vídeos não utilizados do ator uma
forma de conquistar alguma fama e consegue convencer um líder religioso a investir
em Plan 9 From Outer Space,
assegurando-o de que, só com o lucro gerado pela película, este terá dinheiro
suficiente para filmar doze filmes religiosos.
É então que começa a produção do mais popular
(por razões não convencionais) dos filmes de Wood, que surpreende pela audácia
e pela paixão incondicional pelo seu sonho.
Ficha Técnica:
Gênero: Drama
Direção: Tim Burton
Roteiro: Larry
Karaszewski, Scott Alexander
Elenco: Aaron Nelms,
Adam Drescher, Alan Martin, Anthony Russell, Audrey Cuyler, Ben Ryan Ganger,
Biff Yeager, Bill Cusack, Bill Murray, Bobby Slayton, Brent Hinkley, Carmen
Filpi, Carolyn Kessinger, Carrie Starner Hummel, Catherine Butterfield, Charles
Alan Stephenson, Charles C. Stevenson Jr., Charlie Holliday, Cheri A. Williams,
Christopher George Simpson, Clive Rosengren, Conrad Brooks, Cynthia Ann Wilson,
Daniel Riordan, Danny Dayton, Don Amendolia, Don Hood, Edmund L. Shaff, Frank
Echols, G. D. Spradlin, Gene LeBell, George "The Animal" Steele,
George F. Sterne, Gregory Walcott, Gretchen Becker, Hannah Eckstein, Herbert
Boche, Jeffrey Jones, Jesse Hernandez, Jim Boyce, John Rice, Johnny Depp,
Joseph Golightly, Joseph R. Gannascoli, Juliet Landau, King Cotton, Korla
Pandit, Leonard Termo, Linda Rae Brienza, Lionel Decker, Lisa Malkiewicz, Lisa
Marie, Louis Lombardi, Luc De Schepper, Marc Revivo, Marlene Cook, Martin
Landau, Mary Portser, Matthew Barry, Matthew Nelson, Max Casella, Melora
Walters, Mickey Cottrell, Mike Starr, Nancy Longyear, Ned Bellamy, Norman
Alden, Patricia Arquette, Patti Tippo, Ralph Monaco, Ramona Kemp-Blair, Rance
Howard, Ray Baker, Reid Cruickshanks, Ric Mancini, Robert Binford, Robert
Nuffer, Rodney Kizziah, Ross Manarchy, Ryan Holihan, Salwa Ali, Sarah Jessica
Parker, Stanley DeSantis, Susan Eileen Simpson, Sylvia Coussa, Tommy Bertelsen,
Tommy Bush, Vasek Simek, Vincent D'Onofrio, Vinny Argiro, William Michael Short
Após
ler Traumnovelle, do Austríaco
romancista Arthur Schnitzler, Kubrick comprou os direitos e trouxe ao cinema
uma experiência sobre as relações sexuais e a obscuridade que circunda o dia a
dia. Com atuações brilhantes de Nicole Kidman e Tom Cruise, além de um
perfeccionismo do diretor que fez com que as filmagens levassem mais de dois anos para
serem concluídas, De Olhos Bem Fechados
vem para encerrar com chave de ouro a carreira de um dos maiores diretores que
o mundo já viu.
O
filme começa com o casal Alice Harford (Nicole Kidman) e Dr. William
"Bill" Harford (Tom Cruise) se preparando para uma grande festa. No
local, eles não conhecem praticamente ninguém, exceto o anfitrião, Victor
Ziegler (Sydney Pollack), cliente do Dr. William.
Ambos
percebem-se despertos pela fantasia: Alice, longe do marido, aceita uma dança
com outro homem; e William também desacompanhado, é convidado por duas mulheres
a ir para um lugar mais interessante...
As
traições não se concretizam: ambos recebem um “choque” da realidade, ele,
médico, quando é chamado à as pressas e ela ao negar um convite mais íntimo de
seu parceiro de dança.
No retorno ao lar, o casal, despido, já pode
satisfazer o seu impulso sexual. Ele mantém-se com os olhos profundamente
fechados enquanto ela observa toda a cena refletida no espelho do quarto.
Na
noite seguinte, ambos querem saber a posição oposta sobre a festa do dia
anterior. As indagações são feitas no tom de buscar confissões dos desejos que
cada um deles sabia que existia em seu interior.
O
clima se altera baseado em autoconfiança e desejos revelados. Alice confessa
uma vez ter sentido atração por um homem e que por ele, abandonaria tudo.
A partir dessa "confissão" tudo parece ter se modificado: a fantasia de William sobre seu casamento feliz, sobre ter controle e confiança em sua mulher parece ter se rompido. instala-se aqui uma dúvida: teria ele sido tolo quanto aos prazeres de sua mulher ?
Um
chamado telefônico interrompe essa situação: a filha de um de seus clientes
avisa que o pai tinha acabado de morrer em casa e pede que ele vá para lá.
William sai de sua casa e no trajeto de taxi, começa a fantasiar a relação
sexual de sua esposa com aquele outro homem. Quando chega ao seu destino, após o
atendimento, ele recebe uma declaração de amor daquela que lhe telefonou.
Novamente, os dois temas se repetem: sedução e traição. William reluta e afirma
ser ela vítima da situação, estando abalada pela morte do pai. A mulher
retruca, mas logo se cala ao ver que seu noivo chegara ao local. William se
vai, confuso tanto com os desejos de sua mulher quanto com os daquela que
estava presente.
A
pé (e aqui começamos a conhecer uma Nova Iorque diferente), ainda fantasiando furiosamente
a transa de Alice com o outro homem, ele é surpreendido quando uma prostituta o
convida ao seu quarto. William a segue e parece querer conversar com ela.
Quando tudo aponta para a realização sexual, seu celular toca. Era Alice
preocupada, querendo saber a que horas ele deveria voltar, pois iria dormir.
Mais uma vez, nada se concretiza e William continua a caminhar sem rumo pela
noite, acompanhado por suas fantasias cada vez mais voluptuosas.
No
decorrer da noite, ele encontra um bar onde um antigo amigo de faculdade, que
havia largado a medicina para se dedicar ao piano, estava tocando. Tal amigo,
Nick Nightgale (Todd Field), havia sido reencontrado por William na festa de
Victor Ziegler.
Por
já ser muito tarde, mal o médico se senta à mesa, o amigo acaba sua
apresentação. Com isso, o músico senta-se com William e conta sobre uma
misteriosa festa, na qual ele era pago para tocar piano, porém era obrigado a
ficar de olhos vendados.
O pouco que havia visto indicava que era uma
fantástica orgia sexual. Essa história excita muito a William que quer de todo
o jeito chegar ao local. A festa era à fantasia e era preciso uma senha para o
ingresso. William persuade o músico para saber a senha (Fidélio) e resolve
arriscar tudo para ir a tal lugar, sem ter problemas para conseguir uma capa e
uma máscara.
Vemos
aqui o ponto mais fantástico e assustador da obra: Num clima de mistério e
expectativa, William assiste de canto mulheres em roda, também de máscaras e
capas, circundadas por vários homens também mascarados.
Ao
som de "mantras" (o longa é recheado de uma trilha sonora de tirar o
fôlego) elas despem-se das capas. Seminuas, escolhem alguns mascarados para dar
continuidade ao ritual. Para deleite e
medo do médico, ele é um dos escolhidos. O mesmo segue sua condutora, passando
por salas onde "orgias" estão acontecendo. Não demora muito, a mulher
avisa-o para ir embora enquanto pode, pois todos sabiam que ele era um
"penetra" e isso não era tolerado.
Mas não há tempo. William é desmascarado na
frente de todos e é alertado para não comentar sobre o que vira ali, pois
estaria correndo perigo de vida. Muito assustado, William consegue voltar para
a casa, encontrando sua mulher e filha dormindo na estabilidade e segurança de
seu lar.
O
alívio é momentâneo. Logo, diversos acontecimentos, coincidentes ou não, fazem
com que William viva cercado pelo medo e pela insegurança.
Curiosidades:
-
A produção do filme foi uma das mais longas da história recente do cinema:
quase 3 anos.
-
inicialmente constavam como parte do elenco Jennifer Jason Leigh e Harvey
Keitel, que chegaram até mesmo a gravar várias cenas. Entretanto, a longa
demora na conclusão das filmagens fez com que ambos firmassem acordos para
outras produções que não permitiram que pudessem permanecer no set de filmagem,
o que fez com que Stanley Kubrick escolhesse Marie Richardson e Sydney Pollack
para seus lugares.
-
Embora a história de De Olhos Bem Fechados se passe em Nova York, todas as
filmagens foram realizadas nos estúdios de Pinewood, na Inglaterra, onde a
cidade foi reproduzida através de cenários.
-
Para que o filme pudesse ser assistido por uma audiência mais jovem, a cena da
orgia contém pessoas geradas por computador, que encobrem os atos sexuais mais
explícitos.
-
A senha FIDELIO, utilizada por Bill para entrar na orgia, vem do latim
"fidelis", que significa fidelidade. O nome Harford, dado ao
personagem de Tom Cruise, nada mais é do que uma homenagem do diretor Stanley
Kubrick ao ator Harrison Ford.
-
Kubrick faleceu durante o processo de pós-produção do longa.
É possível que você leve mais tempo
para ler este artigo do que para assistir ao magnífico curta Le voyage dans la Lune que não passa de
14 minutos de duração.
Muito antes de 2001: Uma Odisseia no Espaçoou Star
Wars, George Méliès foi pioneiro, baseando-se nos romances Da Terra à Lua, de Julio Verne, e Os Primeiros Homens na Lua, de H. G.
Wells para criar aquele que seria o primeiro filme de ficção científica, além
de ser primitivo também na temática “extraterrestres”.
George Méliès
Esta
viagem foi realizada por Méliès com o apoio de seu irmão Gaston e do elenco composto
por Victor André, Bleuette Bernon, Brunnet, Jeanne d'Alcy, Henri Delannoy,
entre outros. Muito popular em sua época, é a mais famosa obra do cineasta
francês, além de item indispensável para qualquer cinéfilo.
O
filme narra a história de um grupo de cinco astrônomos que viajam à Lua numa
cápsula lançada por um canhão extremamente potente. Na lua, os cientistas são
capturados pelos selenitas, uma espécie humanoide que habita o satélite.
Entretanto,
com astúcia, os terráqueos conseguem escapar e retornam sãos e salvos ao nosso
mundo.
A película, como toda a obra de Méliès, inclui
algumas das mais famosas técnicas cinematográficas como a sobreposição, fusão e
a exposição múltipla de imagens. Vemos aí outra característica clara do artista:
A constante experimentação, fator que, mesmo que primitivamente, contribuiu
para o avanço dos efeitos especiais e, na época, soltou a imaginação de
milhares de expectadores mundo a fora.
Mais
do que um marco na história, Le voyage
dans la Lune é uma referência quando se fala de cinema.
Onde Comprar:
Na
saraiva é possível encontrar uma coleção de 17 curtas de Méliès por um preço
bem em conta, lançada pela Cultclassic: