quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Os Miseráveis (Les Misérables) – Tom Hooper, 2012

Poster Oficial
No século XIX, o escritor e ativista francês Victor Hugo, nascido em uma época de monarquia,  encontrava-se indignado com o poder que a classe rica obtinha. Voltando seus olhares à Paris, Hugo percebeu que a grandeza de alguns era possível graças à miséria de muitos.

Após trinta anos de trabalho, o autor lançaria em 1862 sua crítica em forma de romance, que logo se tornaria sua obra prima: Les Misérables. O livro foi um sucesso espontâneo, chegando a vender diversos exemplares, mundialmente, em apenas 24 horas.

Nos anos 1900, com o advento do cinema, não demoraram a surgir adaptações da obra tanto nas telas como nos teatros. Diversas são as versões, incluindo indianas, japonesas, árabes e brasileiras.



Já neste século, foi a vez do aclamado diretor de O discurso do Rei, Tom Hooper reviver este clássico, trazendo ainda mais brilho e riqueza a Obra de Hugo.

São 158 minutos (salvo alguns diálogos) de um fantástico musical embalado pelas composições de Claude-Michel Schönberg e letras de Alain Boublil e Jean-Marc Natel (traduzidas para o inglês por Herbert Kretzmer) além da arrepiante fotografia de Danny Cohen. O filme, cantado por completo trás uma improvável visão de realidade dentro de uma dimensão teatral, ou circense. 


Ao cantarem “ao vivo” (em vez de encenarem algo já gravado previamente), os atores trazem um caráter mais emocional do que uma interpretação convencional. Apesar de cansativo em algumas partes ( onde a mente pede por diálogos ao invés uma melodia), o longa marca-se como uma belíssima história que atrai o expectador até o seu final.

O Enredo ocorre em plena Revolução de Julho do século XIX, entre duas grandes batalhas: a Batalha de Waterloo e os motins de junho de 1832. 


Jean Valjean (Hugh Jackman) rouba um pão para alimentar sua irmã faminta e por este motivo é preso. Cumprida a pena, Jean é posto em liberdade condicional tendo  de se apresentar regularmente, correndo o risco de passar o resto da vida preso se não o fizer.

 Como ex-presidiário Valjean sente-se discriminado pela sociedade, entretanto tenta recomeçar a sua vida e redimir-se da tortuosa pena. Considerando-se livre, Jean Valjean quebra a condicional resultando na fuga contínua pela perseguição do inspetor Javert (Russell Crowe). 


Enquanto isso, Fantine (Anne Hathaway) enfrenta uma grande luta com sua filha Cosette. Ao viajar para o interior do país, a mãe deixa a menina com o casal Thénardier (Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen), que maltratam a criança, a fazem de escrava e roubam seu dinheiro.

Fantine arranja emprego no interior. Um dia um funcionário da fábrica descobre que a mesma tem uma filha ilegítima, e a expulsam do emprego em que trabalha.

Enquanto isso, Fantine (Anne Hathaway) enfrenta uma grande luta com sua filha Cosette. Ao viajar para o interior do país, a mãe deixa a menina com o casal Thénardier (Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen), que maltratam a criança, a fazem de escrava e roubam seu dinheiro.

Fantine arranja emprego no interior. Um dia um funcionário da fábrica descobre que a mesma tem uma filha ilegítima, e a expulsam do emprego em que trabalha.



 Desolada, e sem jeito de conseguir dinheiro, ela vende os invejados cabelos e dentes e se prostitui. Logo ela descobre ser vítma da tuberculose.  Jean Valjean conhece a adoecida Fantine e, com pena da moça,  lhe faz a promessa de encontrar sua filha e cuidar da menina.

Assim como o romance de Victor Hugo foi ridicularizado pelos marxistas por seu sentimentalismo, a versão musical de Os Miseráveis pode parecer uma perca de tempo para o público menos emocional. Hooper consegue, contudo, traduzir em seu longa-metragem, à sua maneira, a qualidade épica do texto clássico.

Se por um lado a história transformada em musical parece fraca do ponto de vista crítico-social, por outro lado, mantém-se bela e tocante, como a primeira idealização de Victor Hugo.



- Curiosidade:
- O diretor Tom Hooper recusou o convite para dirigir Homem de Ferro 3 por causa deste filme.




Onde Comprar:
A obra pode ser adquirida em DVD e Blu-ray através dos links abaixo. Também vão links para adquirir o livro.
DVD:

Bluray:

Livro:



Ficha Técnica:


Gênero: Musical
Direção: Tom Hooper
Roteiro: baseado na obra de Victor Hugo, William Nicholson
Elenco: Aaron Tveit, Adam Nowell, Adam Pearce, Adebayo Bolaji, Alexander Brooks, Alice Fearn, AlisonTennant, Alistair Brammer, Amanda Seyfried, Anne Hathaway, Bertie Carvel, Catherine Woolston, Colm Wilkinson, DanielHuttlestone, Dick Ward, Eddie Redmayne, Ella Hunt, Evie Wray, Fra Fee, Frances Ruffelle, Gabriel Vick, Gary Bland, George Blagden, Gino Picciano, Helena Bonham Carter, Henry Monk, Hugh Jackman, Isabelle Allen, Iwan Lewis, Jackie Marks, James Charlton, Jaygann Ayeh, Jean-Marc Chautems, Jonny Purchase, Jos Slovick, Josh Wichard, Julia Worsley, Kelly-Anne Gower, Kerry Ellis, Killian Donnelly, Lily Laight, Linzi Hateley, Mary Cormack, Matt Harrop, Nancy Sullivan, Nathanjohn Carter, Olivia Rose Aaron, Paul Leonard, Richard Dalton, Robyn North, Rosa O'Reilly, Russell Crowe, Sacha Baron Cohen, Samantha Barks, Sammy Harris, Sara Pelosi, Scott Stevenson, Sophie Ellis, Stevee Davies, Tim Downie Produção: Cameron Mackintosh, Debra Hayward, Eric Fellner
Fotografia: Danny Cohen
Trilha Sonora: Claude-Michel Schönberg
Duração: 157 min. Ano: 2012 País: Reino Unido Cor: Colorido











segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Monstros (Freaks) – Tod Browning, 1932

Poster Original

Hoje, a aclamada série American Horror Story trás à tona um tema bastante polêmico no contexto politicamente correto do mundo atual, mas muito populares no século passado: as chamadas “aberrações de circo”; artistas com alguma mutação genética, que aterrorizavam e impressionavam milhares de pessoas pelos espetáculos circenses mundo afora.

Muito antes disso, em 1932, o conceituadíssimo diretor de Drácula (1931), Tod Browning, que em sua adolescência foi também artista das lonas, aceitou o desafio de tornar a estória Spurs, de autoria de Tod Robbins, sobre um grupo de seres humanos deformados em uma película cinematográfica. O resultado? Um filme impactante, proibido, assustador, emocionante e com certeza único na história do cinema. O nome dessa obra não poderia ser outro: Freaks, que no Brasil ficou conhecida como Monstros.




A ideia inicial da MGM era criar um filme que pudesse fazer frente ao tremendo sucesso do estúdio rival, a Universal Pictures, que havia acabado de lançar Frankenstein, de James Whale.

Numa inversão de conceitos entre a normalidade e o bizarro, o que se vê é o interesse de Cleópatra (Olga Baclanova), uma trapezista dotada de uma extrema beleza, porém fria e sem uma moral exemplar, junto de seu amante Hércules (Henry Victor), em explorar o anão Hans (Harry Earles), que acabara de herdar uma herança.



Cleópatra seduz, manipula, e envenena o pequenino pouco a pouco, conseguindo afastá-lo de sua amada Frieda (Daisy Earles). Conseguindo o que queria de Hans, a musa humilha-o durante seu jantar de casamento perante os outros “monstros”, que a receberam de braços abertos na marcante passagem do coro "We accept you, one of us!"(Nós te aceitamos, uma de nós!).

Cleópatra, em um acesso de raiva, ridiculariza todos os presentes fazendo com que até o próprio Hans, cego por seus encantos, se volte contra os seus.

Mas como nos é revelado adiante, entre as criaturas existe um código de proteção, uma vez que união é a única forma de sobreviverem e enfrentar o preconceito e a marginalidade pelos quais são submetidos.  





Curiosidades:

- Quando lançado no início dos anos 30, a reação do público foi de repulsa e choque. Uma mulher chegou a acusar o filme de tê-la feita sofrer um aborto espontâneo durante sua exibição, e assim Freaks recebeu da MGM um corte de cerca de 30 minutos de sua duração total, tendo perdido trechos que nunca mais seriam recuperados, além de ser banido pelo mundo todo até os anos 60, quando foi redescoberto.

- O equipamento elétrico no estúdio de gravação foi tão mal instalado que os membros da equipe tomavam choques frequentemente.

- No Reino Unido o filme foi proibido por 30 anos depois da sua primeira apresentação.





Ficha Técnica:

Titulo: Monstros
Titulo Original: Freaks
Gênero: Horror
Ano/Pais: 1932 / USA
Duração: 64 Min
Diretor: Tod Browning

Elenco: Wallace Ford, Leila Hyams,Olga Baclanova, Roscoe Ates, Henry Victor, Harry Earles, Daisy Earles, Rose Dione, e outros.