quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Ed Wood – Tim Burton, 1994


Poster Original


Apaixonado, maluco, excêntrico. Estes e outros adjetivos caem como uma luva para explicar a vida de Edward Davis Wood Jr.

Conhecido como o pior diretor de todos os tempos, Ed Wood ficou famoso por suas produções excêntricas de qualidade duvidosa. Plano 9 do Espaço Sideral (Plan 9 From Outer Space), a sua obra mais conhecida, foi considerada o pior filme da história na época de seu lançamento, porém, com o advento da cultura trash é conceituada como Cult por diversos fãs até os dias de hoje.

Tim Burtun, um desses fãs, produziu nos anos 90 uma biografia máxima de Wood com Johnny Depp no papel principal (com um entusiasmo que não vemos mais hoje em dia) e a brilhante atuação de Martin Landau (vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante) como o lendário Bela Lugosi, que nos faz confusos perante a dúvida de estarmos em um filme ou no mundo real.

O verdadeiro Ed Wood e a adaptação de Depp (à direita)


O longa se inicia por acompanhar o jovem cineasta enquanto este protagoniza uma peça de teatro, ao lado de um conjunto de atores desajustados, que é, posteriormente, devastada pela crítica. Todavia, esta incursão pouco feliz pelo teatro não impede o apaixonado cinéfilo de perseguir o sonho de tornar-se um cineasta, apesar de o fluxo inexorável do tempo começar a deixa-lo algo pessimista: “com 26 anos, Orson Welles realizou Citizen Kane. Eu ainda não realizei nada”.

A sua grande oportunidade surge quando o produtor George Walls aceita reunir-se com Wood para discutir a sua possível contratação para realizar “I Changed my Sex!”. O infame cineasta consegue convencer o produtor ao revelar que conhece melhor do que ninguém a temática do filme, pois também este carrega consigo o estranho segredo de vestir roupas de mulher, hábito consagrado desde a sua infância, quando a mãe o vestia de mulher.



Durante todo este processo, Wood conhece Bela Lugosi ,uma estrela de cinema em decadência, lembrado somente  pelo belíssimo trabalho que fez em Drácula, que vive nas sombras do seu eterno rival Boris Karloff ( Frankenstein).

Uma das coisas mais interessantes neste filme, é justamente a relação entre Lugosi e Wood. Wood parece tão cego para as coisas, que sequer parece perceber a atual realidade de Lugosi. O ator não é mais uma estrela, mas ainda assim Wood faz questão de tratá-lo como se fosse ainda. Ele o adora e acaba se tornando o melhor amigo da vida do velho ator.



Ed Wood decide alterar o nome do filme para “Glen or Glenda”, utilizando um reaproveitamento de imagens de outros filmes que gera uma descontinuidade narrativa gritante, transformando o cineasta em um fracasso de Hollywood.

Apaixonado pelas grandes obras, Wood não desiste de levar ao grande ecrã “Bride of the Atom”, conseguindo apoios de figuras dispares. É assim que o novo filme sai do papel, indo ser filmado nos Larchmont Studios e protagonizado por Loretta King, Bela Lugosi e pela grande estrela de luta, Tor Johnson.

A história parece ter tudo para ser um filme de sucesso: elementos de ficção-científica, uma estrela, uma cara bonita como Loretta King, entre outros elementos. Nada ocorre como o planejado e Wood vê-se na contingência de procurar novas fontes de financiamento, que surgem na figura do poderoso empresário Don McCoy, que exige não apenas que o seu filho protagonize o filme, mas também que este termine com uma grande explosão.



Não é preciso dizer que a obra foi um fracasso total, tendo sido recebida por um público indignado com o que tinha acabado de ver.

 Enquanto a saúde de Lugosi definha e o ator acaba por falecer, Wood percebe que tem nos vídeos não utilizados do ator uma forma de conquistar alguma fama e consegue convencer um líder religioso a investir em Plan 9 From Outer Space, assegurando-o de que, só com o lucro gerado pela película, este terá dinheiro suficiente para filmar doze filmes religiosos.

 É então que começa a produção do mais popular (por razões não convencionais) dos filmes de Wood, que surpreende pela audácia e pela paixão incondicional pelo seu sonho.




Ficha Técnica:

Gênero: Drama
Direção: Tim Burton
Roteiro: Larry Karaszewski, Scott Alexander
Elenco: Aaron Nelms, Adam Drescher, Alan Martin, Anthony Russell, Audrey Cuyler, Ben Ryan Ganger, Biff Yeager, Bill Cusack, Bill Murray, Bobby Slayton, Brent Hinkley, Carmen Filpi, Carolyn Kessinger, Carrie Starner Hummel, Catherine Butterfield, Charles Alan Stephenson, Charles C. Stevenson Jr., Charlie Holliday, Cheri A. Williams, Christopher George Simpson, Clive Rosengren, Conrad Brooks, Cynthia Ann Wilson, Daniel Riordan, Danny Dayton, Don Amendolia, Don Hood, Edmund L. Shaff, Frank Echols, G. D. Spradlin, Gene LeBell, George "The Animal" Steele, George F. Sterne, Gregory Walcott, Gretchen Becker, Hannah Eckstein, Herbert Boche, Jeffrey Jones, Jesse Hernandez, Jim Boyce, John Rice, Johnny Depp, Joseph Golightly, Joseph R. Gannascoli, Juliet Landau, King Cotton, Korla Pandit, Leonard Termo, Linda Rae Brienza, Lionel Decker, Lisa Malkiewicz, Lisa Marie, Louis Lombardi, Luc De Schepper, Marc Revivo, Marlene Cook, Martin Landau, Mary Portser, Matthew Barry, Matthew Nelson, Max Casella, Melora Walters, Mickey Cottrell, Mike Starr, Nancy Longyear, Ned Bellamy, Norman Alden, Patricia Arquette, Patti Tippo, Ralph Monaco, Ramona Kemp-Blair, Rance Howard, Ray Baker, Reid Cruickshanks, Ric Mancini, Robert Binford, Robert Nuffer, Rodney Kizziah, Ross Manarchy, Ryan Holihan, Salwa Ali, Sarah Jessica Parker, Stanley DeSantis, Susan Eileen Simpson, Sylvia Coussa, Tommy Bertelsen, Tommy Bush, Vasek Simek, Vincent D'Onofrio, Vinny Argiro, William Michael Short
Produção: Denise Di Novi, Tim Burton
Fotografia: Stefan Czapsky
Trilha Sonora: Howard Shore
Duração: 124 min.
Ano: 1994
País: Estados Unidos    Cor: P&B


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